Marcel Proust

Marcel Proust

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Ensinar literatura é ensinar a ler...

Segundo Ezra Pound, "a ambição do leitor pode ser medíocre e a ambição de dois leitores não há de ser idêntica. O professor só pode ministrar os seus ensinamentos àqueles que mais 'querem' aprender, mas ele pode sempre despertar os seus alunos com um 'aperitivo', ele pode, ao menos, fornecer-lhes uma lista das coisas que vale a pena aprender em literatura ou em um determinado capítulo da [literatura]".

... LIVRO

Um livro não tem autor, mas um número infinito de autores. Pois, àquele que o escreveu acrescenta-se de pleno direito no ato criador o conjunto daqueles que o leram, o lêem ou o lerão. Um livro escrito, mas não lido, não existe plenamente. Não possui senão uma semi-existência. É uma virtualidade, um ser exangue, vazio, infeliz que se esgota em um apelo à ajuda para existir. O escritor o sabe, e quando ele publica um livro ele deixa na multidão anônima dos homens e das mulheres, uma nuvem de pássaros de papel, vampiros secos, sedentos de sangue, que se espalham em busca de leitores. Apenas um livro se abate sobre um leitor, enche-se com seu calor e com seus sonhos. Floresce, desabrocha, torna-se enfim o que ele é: um mundo imaginário foisonnant, em que se misturam indistintamente – como no rosto de uma criança, os traços de seu pai e de sua mãe – as intenções do escritor e os fantasmas do leitor.


M. Picard